Práticas
de desenvolvimento curricular e avaliação em Cidadania e Desenvolvimento
Learning-eLearning
Este blog corresponde à partilha de aprendizagens realizadas no âmbito do Mestrado em Pedagogia do eLearning da Universidade Aberta. Filipe Couto
quinta-feira, 22 de julho de 2021
Temática III -Desenho da aprendizagem online
sexta-feira, 14 de maio de 2021
O meu Personal Learning Environment
Descrição:
Na elaboração da representação visual do meu Ambiente
Pessoal de Aprendizagem, no âmbito do Mestrado em Pedagogia do eLearning, optei
por iniciar a tarefa através de um modelo proposto por Christopher D. Sessums,
o modelo dos quatro Cs: Collect; Communicate; Create e; Collaborate.
Estas
quatro categorias apresentadas distinguem-se por um diverso conjunto de ações:
· Recolher
(Collect): reúna artigos, ferramentas, dados, imagens e recursos, …
· Comunicar
(Communicate): partilhar ideias, transmitir informações, efetuar
perguntas, responder, comentar, esclareçer, …
· Criar
(Create): gerar ideias, produzir, escrever, elaborar conteúdos, …
· Colaborar
(Collaborate): sintetizar, trabalhar com colegas, engajar-se, discutir,
participar, …
À medida
que ia construindo a representação visual do PLE - Personal
Learning Environment verifiquei que algumas ferramentas ou aplicações eram
utilizadas em diferentes categorias. Neste aspeto destacou-se a plataforma eLearning
da Universidade Aberta, apresentada na representação
visual como elearning.uab.pt.
Durante
a construção da representação visual do PLE apercebi-me que não estava a
considerar duas dimensões (categorias) que considero fundamentais no meu
ambiente de aprendizagem: Partilhar (Share) e Armazenar (Store). Deste modo
optei por acrescentar as duas categorias.
Fiquei
surpreendido ao percecionar a diversa e variada quantidade de ferramentas e
aplicações que utilizo, bem como foi possível para mim refletir na utilidade
que têm na minha aprendizagem e como se relacionam entre si.
Considero
que o meu PLE é um ambiente em evolução e em mutação constante. Certo de que no mês passado era diferente e que, por certo, no próximo mês será diferente.
Cavanaugh, C., Sessums, C., & Drexler, W. (2015).
A call to action for research in digitallearning: Learning without limits of
time, place, path, pace…or evidence. Journal of Online Learning Research, 1(1),
9-15.
Malamed, C. (2017). Models For Designing Your Personal
Learning Environment. The eLearning Coach. Acedido em: http://theelearningcoach.com/elearning2-0/designing-personal-learning-environment/
terça-feira, 11 de maio de 2021
Os Personal Learning Environments
Rodrigues, P. & Miranda, G. (2013). Ambientes
pessoais de aprendizagem: conceções e práticas. RELATEC
Revista Latinoamericana de Tecnología Educativa (1) 12, pp.
23-34. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/279958203_Ambientes_pessoais_de_aprendizagem_concecoes_e_praticas_Personal_learning_environments_conceptions_and_practices
Dividido em quatro partes principais, o artigo inicia expondo as
principais conceções e práticas, explorando e refletindo em torno da definição de
Ambientes Pessoais de Aprendizagem (Personal Learning Environments – PLE). Considerando perceções
de diferentes autores e especialistas, o artigo destaca duas visões distintas
em relação aos PLE. Os PLE como uma abordagem pedagógica, correspondendo a um
ambiente de aprendizagem onde atores e comunidades educativas interagem de
forma flexível e, o PLE visto como uma tecnologia, que funciona como um
conjunto de ferramentas e aplicações digitais interconectadas. Articulando
estas diferentes perspetivas, os autores caraterizam um PLE como um “espaço” interativo
promotor de aprendizagens que recorre a diversos meios digitais, particularmente
gerido por cada utilizador e que pode ser continuamente aperfeiçoado.
Numa segunda parte do artigo são apresentadas e fundamentadas as opções metodológicas,
bem como a processo desenvolvido para se chegar aos dados e respetiva análise. A
terceira parte do artigo expõe e analisa os dados recolhidos, discutindo os
dados mais relevantes que permitem elucidar os objetivos propostos da
investigação.
Por fim, são expostas as considerações finais, juntamente com as
implicações da pesquisa realizada. No artigo os autores indicam que a
utilização de Ambientes Pessoais de Aprendizagem estimula o progresso de instrumentos de auto-orientação
e conduz a estratégias de aprendizagem descentralizadas das instituições formais
de ensino. Esta auto-orientação é percecionada no artigo como interligada ao
desenvolvimento de competências como a autonomia, a independência e a
organização individual da aprendizagem. Assim, os autores apelam à necessidade de
reconfiguração dos programas de ensino, bem como à alteração de atitudes por
parte dos vários participantes no processo de ensino e aprendizagem.
Pela evolução contemporânea da integração digital na sociedade e na educação
e pelo incremento de uma “educação ao longo de toda a vida”, caraterizada por
uma maior independência e autonomia de quem aprende, este artigo, ao refletir
sobre os Ambientes Pessoais de Aprendizagem, evidencia-se como bastante relevante.
Em particular num período que os “espaços” e os conteúdos educativos, quer por
suas abrangências, quer por as suas facilidades de acesso, reclamam “ambientes
pessoais de aprendizagem” mais organizados, ricos e refletidos.
Bibliografia Anotada II
Torres
Kompena, R., Edirisinghab, P., Xavier Canaletaa, X., Alsinaa, M. & Monguet,
J. (2019). Personal learning Environments based on Web 2.0 services in higher
education. Telematics and Informatics (38), pp. 194-206. Disponível
em: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0736585318306312
Para
os autores a discussão académica em torno dos Personal Learning Environments –
PLE surgiu por volta de 2005 associada a académicos e especialistas das
tecnologias da educação. Desde esse período as pesquisas e os trabalhos
associados aos PLE têm vindo a aumentar significativamente. O artigo destaca
que os alunos ao construírem e usarem os seus PLEs de modo ativo tendem a ativamente
terem o controle dos seus processos de aprendizagem. Esse controlo é alcançado
ao serem capazes de escolher e combinar várias alternativas para, entre outras
ações, capturar, armazenar, classificar, analisar, criar, compartilhar,
disseminar e processar informações, gerando assim o conhecimento. Contudo os
autores alertam que na prática a aplicação de PLEs em diversos níveis e áreas
de ensino ainda está em experimentação, não se desenvolvendo ou tendo o mesmo
sucesso em diferentes contextos e situações.
Este
estudo mostrou que os PLEs têm o potencial de contribuir para a aprendizagem em
geral. Em particular o estudo revela que existe um aumento significativo na
motivação dos alunos, já que estão ativamente envolvidos no processo de
aprendizagem. Ao contrário de serem meros recetores de informações, os alunos tornam-se
os protagonistas do processo de aprendizagem. O estudo também evidencia que a
existência de múltiplos canais de comunicação permite que os alunos iniciem e
participem de diálogos, e perguntem e respondam questões, aumentando assim a
interatividade e a participação. Outro aspeto interessante que ressalta nas
conclusões do estudo é que os PLEs fornecem acesso a um grande conjunto de
informações adicionais que podem ser usadas para apoiar e complementar os
materiais fundamentais disponibilizados pelos professores. Deste modo o estudo
realça que os alunos podem começar o processo de aprendizagem do mesmo ponto de
partida, mas durante a evolução dos processos as aprendizagens divergem, sendo
personalizadas de acordo com os interesses e estilos de aprendizagem de cada
aluno.
Embora
ancorado num estudo de caso, este estudo evidencia as potencialidades dos PLEs
numa perspetiva bastante pedagógica, contribuindo e reforçando muita da
literatura existente neste âmbito. O facto do estudo se circunscrever a um
contexto de ensino superior pode-nos sugerir, ou reforçar a ideia de alguns
autores, que o sucesso da utilização de PLEs tem mais impacto em alunos com
mais maturidade, mais independência e maior autonomia.
segunda-feira, 26 de abril de 2021
A Pedagogia do eLearning: Teorias da Pedagogia do ensino à distância / O papel do professor em contexto online
Os cartazes (artefactos) procuram sistematizar a compreensão/reflexão
sobre várias questões essenciais da pedagogia do ensino à distância e do
papel do professor em contexto online.
quarta-feira, 21 de abril de 2021
Bibliografias anotadas
Estas duas bibliografias anotadas foram realizadas no âmbito da unidade curricular Processos Pedagógicos em eLearning, do mestrado em Pedagogia do eLearning, da Universidade Aberta.
Os artigos analisados:
- O Papel do professor em contextos de ensino online: Problemas e virtualidades.
- Educação à distância: rediscutindo o papel do tutor.
sistematizam e refletem sobre o papel dos educadores online,
explorando os desafios contemporâneos desta atividade.
Morgado, L. (2001). O Papel do professor em contextos de ensino online:
Problemas e virtualidades. In Discursos, III Série, nº especial,
pp. 125–138. Retirado de: https://repositorioaberto.uab.pt/bitstream/10400.2/1743/1/professor_online_linamorgado.pdf
O artigo O Papel do professor em contextos de
ensino online: Problemas e virtualidades foi elaborado na viragem do
século, destacando a necessidade de novos paradigmas educacionais, para o século
XXI, influenciados pelo rápido desenvolvimento das tecnologias da informação e
da comunicação. Em relação ao ensino online a autora afirma, para essa época, a
existência de uma “banalização” do conceito e aponta a presença de múltiplos
referenciais teóricos que o procuram explicar. Condições que, segundo a
própria, dificultam a reflexão em torno do próprio ensino online, apelando por
isso, à necessidade de clarificação e delimitação do conceito.
Mencionando ser imperativo equacionar uma nova
abordagem pedagógica, mais do que reconfigurar um modelo educativo assente em
tecnologias, o artigo apresenta modelos de ensino online centrados nos
professores, nos alunos e nas tecnologias. Também, com vista a uma aprendizagem
assente na interatividade, no artigo são realçadas variáveis comuns que apoiam
o sucesso neste modelo de ensino: a dimensão do grupo de estudantes, a
utilização do tempo online, a adaptação a ambientes assíncronos e a edificação
de comunidades de aprendizagem.
No que diz respeito ao papel do professor, a
autora indica que a sua atuação é fator determinante para o sucesso da
aprendizagem. Neste contexto de ensino online, a autora indica que papel
pedagógico do professor deve ser equacionado sincronizando áreas essências
como: a própria pedagogia; a gestão e organização do processo de ensino e de
aprendizagem; capacidade social de gerar comunidades de aprendizagem; e o
domínio técnico, permitindo uma utilização fluida e sem ruido da tecnologia.
Assim, este artigo destaca o papel do professor em
contexto online, patenteando a necessidade de novas abordagens pedagógicos em
cenários educativos decisivamente marcantes para o século XXI, demostrando-se
relevante e pertinente.
Kaminski, C. (2015). Educação à distância: rediscutindo o papel do tutor. Revista Intersaberes, 10(21), 561-576. Disponível em: https://www.revistasuninter.com/intersaberes/index.php/revista/article/view/896
O objetivo deste artigo é refletir o papel do tutor na educação a distância
enquanto mediador do conhecimento, de modo a compreenderem-se as suas funções e
a indicarem-se orientações que visem ultrapassar desafios deste tipo de
educador. O artigo privilegia a análise da figura de tutor através de uma perceção
histórico-cultural de Vygotsky.
Inicialmente são destacadas as diferenças que distinguem um tutor à
distância de um professor em regime presenciais, caraterizadas por paradigmas
educacionais distintos e pela inevitável utilização da tecnologia na educação a
distância contemporânea.
No artigo são destacadas diversas caraterísticas especificamente relevantes
para o tutor: o domínio científico dos conhecimentos; a capacidade de orientar,
conduzir e supervisionar o aluno; e ser mediador e impulsionador de
interatividade. Ressalta também no
artigo o carater societal e humano da educação, relegando ao tutor uma posição investida
de "construção humana".
Pela evolução contemporânea da educação a distância e pelo destaque que esta
modalidade de ensino representa nos cenários educativos atuais o artigo demonstra
bastante relevância. Importante notar que artigo mostra uma necessidade de
sentido de educabilidade, uma vez que procura compreender os desafios deste
educador singular, o tutor online, com vista a trilhar percursos que condução à
perfetibilidade do mesmo.
quarta-feira, 13 de janeiro de 2021
A VIRTUALIZAÇÃO DAS RELAÇÕES SOCIAIS - AUTENTICIDADE E TRANSPARÊNCIA
Esta reflexão é realizada no âmbito da unidade curricular Educação e Sociedade em Rede, do mestrado em Pedagogia do eLearning, da Universidade Aberta.
Tendo como ponto de partida os conceitos de cibercultura, sociedade em rede, refletem-se as questões de identidade digital, autenticidade e transparência nestas novas relações sociais em rede que se desenvolvem, em particular na educação.
Contemporaneamente vivemos em tempos acelerados de mudanças. Estas mudanças devem-se, essencialmente, à rápida e frenética a evolução das tecnologias de comunicação e informação.
Como nos aponta Lagoa (2016), o ritmo de transformação tem sido cada vez mais intenso ao longo dos séculos. O autor destaca a imprensa que surgiu no século XV, com Gutemberg, considerando que a sua invenção e difusão permitiu o acesso à informação a milhões de pessoas, estabelecendo um marco à maior democratização no acesso à informação e ao conhecimento.
O mesmo autor aponta ainda, já no século XX o aparecimento da rádio e da televisão como tecnologias transformadoras e, ainda mais, aceleradoras do acesso ao conhecimento.
No seguimento da rádio e da televisão, o surgimentos dos computadores e da internet dilataram, sem precedentes, os meios de informação e comunicação em massas. Desde o início do século XXI, a internet e os telemóveis têm-se vulgarizado e, consequentemente, tornando-se cada vez mais acessíveis à população mundial.
Deste modo, com a rápida evolução dos meios de comunicação, as relações estabelecidas entre as pessoas, tradicionalmente vivenciadas num mesmo espaço geográfico, num mesmo local, num mesmo território, adquirem outras dinâmicas.
O tradicional espaço geográfico, onde se socializa e se gera cultura, concorre com um novo “espaço”, cada vez mais afluído, também propicio à socialização e à “produção” de cultura. Este “espaço” designado por diversos autores como “ciberespaço”, funciona para Lévy (1999) como um mecanismo de comunicação interativo e comunitário que se materializa como inteligência coletiva. Neste sentido, para o autor, o ciberespaço transforma as formas de socialização, bem como os modos com que as pessoas adquirem e transmitem o saber. A interatividade permitida no ciberespaço é percecionada por Lévy (1999, p. 82) como potencializadora de inteligência coletiva e, como tal, transformadora de uma nova realidade.
Deste modo, o ciberespaço alterou profundamente o modo como as pessoas estabelecem relações entre si, como está na origem de novas formas de socialização e, consequentemente à cibercultura que, para Lévy (1999, p. 247), expressa uma transformação fundamental da própria essência da cultura.
Do mesmo modo que a sociedade vivenciada num mundo físico aporta exigências de cidadania a cada individuo, a sociedade em rede traz consigo novas exigências aos indivíduos no exercício de uma cidadania digital e, por acréscimo, a uma identidade digital.
Como nos refere Lagoa (2016, p.33)
Todos os indivíduos vivem diferentes circunstâncias e experienciam diferentes histórias de vida. A identidade pessoal, o Eu, é o conjunto de caraterísticas que representam o indivíduo na sua relação social.
O mesmo autor, citando Ficher (1996), aponta para duas caraterísticas do “Eu” a autoestima e a autoconsciência. A autoestima, como a autoapreciação de cada individuo em relação aos outros e, a autoconsciência como a consciência da consciência, ou seja, a ação identitário que cada um toma consciência de si mesmo.
Ao longo dos tempos as sociedades e as instituições administradoras que as compõem criaram mecanismos e instrumentos para garantir a autenticidade e transparência da identidade. Em Portugal, em diversos domínios, cartão de cidadão, passaporte, cartão fiscal, eleitoral, de estudante, de segurança social, …, impressão digital, registo dentário, entre outros, são instrumentos e mecanismos que existem para assegurar a autenticidade de cada individual. Na sociedade, cada cidadão é remetido a um vasta exigência de critérios de verificam e atestam a sua identidade.
E na sociedade em rede? Num espaço sem coordenadas! Como se verifica e atesta a identidade?
No ensino presencial o professor tem mecanismos para verificar a identidade do estudante na avaliação de aprendizagem! E no ensino a distância? E no ensino online?
Como evitar o plágio ou cópia e a fraude de identidade no ensino a distância? Como garantir existiu aprendizagem e assegurar a credibilidade das instituições?
Assegurar, na sociedade em rede, a autenticidade e a transparência na rede remete-nos para o conceito de identidade digital e, concludentemente, para o conceito de cidadania digital. Identidade digital na qual para Lagoa (2016), os mecanismos e instrumentos, a privacidade dos dados e a segurança online que não estão, de modo algum, adquiridos. Assim o autor identifica a “A Identidade Virtual e a Autenticidade e Transparência no Ciberespaço” como questões fundamentais de reflexão, em particular no campo de ação do ensino online.
A identificação e a autenticação devem ser diferenciadas, como nos aponta Lagoa (2016) a identificação passa pela afirmação do “eu”, já a autenticação revela-se como a demonstração da veracidade do “eu”. Ou seja, a autenticação é a comprovação da identidade. Deste modo podemos afirmar que a transparência, ou o seu grau, é mais evidente, quanto maior for a aproximação da identidade à autenticidade, do “eu” que me apresento e do “eu” que realmente sou.
Elaborado pelo Próprio
Assim, podemos percecionar a transparência de acordo com a aproximação da identidade à autenticidade.
Os modelos de ensino tradicional, com séculos de existência e experiência, enfrentam desafios para garantir a transparência, mesmo presencialmente, já os modelos de ensino online, mais recentes e não presencial enfrentam ainda mais desafios. Como nos aponta Lagoa (2016, p. 100)
O crescimento exponencial do ensino online tem levantado consistentemente a problemática da avaliação desses cursos, face às exigências naturais de autenticidade e verdade.
Referências:
Lagoa, M. (2016). Autenticidade na rede: estudo da identidade digital. Tese de Mestrado. Lisboa. Universidade Aberta.
https://repositorioaberto.uab.pt/bitstream/10400.2/5574/1/TMPEL_AntonioLagoa.pdf
Lévy, P. (199). Cibercultura. Instituto Piaget.
Meneses, M. (2008). Velocidade, acidente e memória.
http://z3950.crb.ucp.pt/Biblioteca/GestaoDesenv/GD15_16/gestaodesenvolvimento15_16_69.pdf
Teixeira, A. (2010). Autenticidade e transparência na rede – reinventando o debate sobre o outro que eu também sou.
https://pt2.slideshare.net/MPeL/my-m-pelantonioteixeira
quinta-feira, 19 de novembro de 2020
Reflexão sobre a noção de cibercultura proposta por Pierre Lévy
Pierre Lévy, de
nacionalidade francesa, é um filosofo, sociólogo e investigador na área das
ciências da informação e da comunicação, cujo pensamento marca de modo determinante
a contemporaneidade. O autor efetua uma neologia e dá sentido à palavra cibercultura.
Antes de se
procurar comentar a noção cibercultura, definida por Lévy, é
imperativo clarificar a noção de ciberespaço proposta pelo autor.
Para Lévy (1999) o ciberespaço funciona como um mecanismo de
comunicação interativo e comunitário que se materializa como inteligência
coletiva. Neste sentido, para o autor, o ciberespaço transforma as formas de
socialização, bem como os modos com que as pessoas adquirem e transmitem o
saber. A interatividade permitida no ciberespaço é percecionada
por Lévy (1999, p. 82) como potencializadora de inteligência coletiva e, como
tal, transformadora de uma nova realidade.
Interpreto que a
ideia de espaço, contida em ciberespaço, procura
para Lévy extrapolar duas noções principais: território, composto por
indivíduos que partilham o mesmo espaço físico; e comunidade, composta
por indivíduos que, partilhando o mesmo espaço físico ou não, partilham aspetos
em comum. Deste modo identifico o espaço proposto pelo autor como
o locus onde, obrigatoriamente, existem indivíduos. A condição de ciber
fornece ao ciberespaço uma imensa possibilidade de comunicações
em rede, permitida pela interconexão mundial dos computadores, das memórias que
os compõem, bem como os diversos sistemas de comunicação eletrónicos
disponíveis na atualidade. (Lévy, 1999,
p. 102).
O mundo digital
faz parte da realidade para Lévy, com aspetos físicos como os computadores, a
sua própria memória, os seus respetivos periféricos e as pessoas que os
utilizam. O que não é material, o que é virtual é a significação. Significação
que presente na nossa mente se e inicia com a linguagem (Fronteiras do
Pensamento, 2013)
Para Levy, a cibercultura
é consequência do ciberespaço …
[Antes de explorar a noção de cibercultura, abro este parênteses
para dialogarmos com a noção de cultura. De um modo simplista, a cultura
é produto das relações que os indivíduos de um
território ou de uma comunidade estabelecem entre si. Até ao aparecimento do ciberespaço,
as relações que as pessoas estabeleciam entre si, a socialização, estavam de um
modo geral circunscritas ao território-espaço que as pessoas ocupavam. Assim, a
cultura era, quase exclusivamente, resultado dos territórios e das
comunidades, através dos processos de socialização estabelecidos pelas pessoas que
faziam parte desses espaços.
De certa forma poderíamos, desde já, questionar-nos: Então a cibercultura
não é nem mais, nem menos, do que a cultura produzida no ciberespaço?
Responder “sim” ou “não” seria desconsiderar todo o processo e produto que
distingue a cibercultura de, sem deixar de ser, cultura.]
Como vínhamos a
refletir, para Levy, a cibercultura é consequência do ciberespaço… …que não só alterou profundamente o modo
como as pessoas estabelecem relações entre si, como está na origem de novas
formas de socialização. Deste modo o autor 1999, p. 23) esclarece que a cibercultura
é distinguida pelo conjunto de técnicas materiais e intelectuais, de
experiências, de atitudes, de valores, de modos de pensar e de valores que se
desenvolvem simultaneamente com o “aumento” do ciberespaço.
É a participação
no ciberespaço que liga as pessoas umas às outras, como refere Lévy (1999, p.
119) liga as comunidades umas às outras e a si mesmas, elimina monopólios de
difusão e permite que cada pessoa transmita a quem estiver envolvido ou
interessado, originando um novo tipo socialização. Nesse sentido, a cibercultura
expressa para Lévy (1999, p. 247) uma transformação fundamental da
própria essência da cultura.
São diversos os exemplos de cibercultura que fazem cada vez mais parte do quotidiano de grande parte da população muldial. Destaco 3 exemplos que considero estarem em desenvolvimento exponencial:
- As redes sociais como o facebook, o twitter, o Instagram, LinkedIn, o Google+, que com um crescente contínuo nos últimos anos, fazem parte do dia a dia das pessoas. Nas redes sociais as pessoas socializam de diversas formas, sem que seja necessário estarem no mesmo espaço físico.
- As comunidades de aprendizagem online que florescente cada vez mais.
- Os jogos online, que fazem parte do entretenimento de cada vez mais jovens e adultos.
A área da
educação é também refletida por Lévy, que aponta os futuros sistemas de
educação e de formação na cibercultura devem ser refletivos numa “análise prévia
da mutação contemporânea da relação com o saber” (1999, p. 157). O autor (1999, p. 172) considera que a
utilização exponencial das tecnologias digitais e das redes de comunicação
interativa provoca e aumenta uma enorme e rápida mutação na relação com o
saber. Todas as possibilidades emergentes
no ciberespaço, como a aprendizagem cooperativa, a colaboração em
rede e a criação coletiva exigem uma (re)configuração no funcionamento das
instituições e os modos habituais de divisão do trabalho das escolas. Com
sentido ético, Lévy apela ao acompanhamento consciente da utilização das
tecnologias neste processo de (re)configuração, num processo em que os papéis
de alunos e professores são colocados à prova.
Neste sentido e como nos aponta Lévy (1999, p. 246) a cibercultura apresenta-se como uma
solução parcial para apoiar muitos desafios, no entanto constitui em si mesma
um enorme campo de desafios e de conflitos a nível global.
Referências:
Lévy, P. (1999). Cibercultura.
Editora 34.
Fronteiras do Pensamento. (2013, 5 de maio). Pierre Lévy - O
que é o virtual?. [Video]. YouTube.https://www.youtube.com/watch?v=sMyokl6YJ5U&feature=youtu.be
Temática III -Desenho da aprendizagem online
Práticas de desenvolvimento curricular e avaliação em Cidadania e Desenvolvimento Visualizar trabalho