Rodrigues, P. & Miranda, G. (2013). Ambientes
pessoais de aprendizagem: conceções e práticas. RELATEC
Revista Latinoamericana de Tecnología Educativa (1) 12, pp.
23-34. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/279958203_Ambientes_pessoais_de_aprendizagem_concecoes_e_praticas_Personal_learning_environments_conceptions_and_practices
Dividido em quatro partes principais, o artigo inicia expondo as
principais conceções e práticas, explorando e refletindo em torno da definição de
Ambientes Pessoais de Aprendizagem (Personal Learning Environments – PLE). Considerando perceções
de diferentes autores e especialistas, o artigo destaca duas visões distintas
em relação aos PLE. Os PLE como uma abordagem pedagógica, correspondendo a um
ambiente de aprendizagem onde atores e comunidades educativas interagem de
forma flexível e, o PLE visto como uma tecnologia, que funciona como um
conjunto de ferramentas e aplicações digitais interconectadas. Articulando
estas diferentes perspetivas, os autores caraterizam um PLE como um “espaço” interativo
promotor de aprendizagens que recorre a diversos meios digitais, particularmente
gerido por cada utilizador e que pode ser continuamente aperfeiçoado.
Numa segunda parte do artigo são apresentadas e fundamentadas as opções metodológicas,
bem como a processo desenvolvido para se chegar aos dados e respetiva análise. A
terceira parte do artigo expõe e analisa os dados recolhidos, discutindo os
dados mais relevantes que permitem elucidar os objetivos propostos da
investigação.
Por fim, são expostas as considerações finais, juntamente com as
implicações da pesquisa realizada. No artigo os autores indicam que a
utilização de Ambientes Pessoais de Aprendizagem estimula o progresso de instrumentos de auto-orientação
e conduz a estratégias de aprendizagem descentralizadas das instituições formais
de ensino. Esta auto-orientação é percecionada no artigo como interligada ao
desenvolvimento de competências como a autonomia, a independência e a
organização individual da aprendizagem. Assim, os autores apelam à necessidade de
reconfiguração dos programas de ensino, bem como à alteração de atitudes por
parte dos vários participantes no processo de ensino e aprendizagem.
Pela evolução contemporânea da integração digital na sociedade e na educação
e pelo incremento de uma “educação ao longo de toda a vida”, caraterizada por
uma maior independência e autonomia de quem aprende, este artigo, ao refletir
sobre os Ambientes Pessoais de Aprendizagem, evidencia-se como bastante relevante.
Em particular num período que os “espaços” e os conteúdos educativos, quer por
suas abrangências, quer por as suas facilidades de acesso, reclamam “ambientes
pessoais de aprendizagem” mais organizados, ricos e refletidos.
Bibliografia Anotada II
Torres
Kompena, R., Edirisinghab, P., Xavier Canaletaa, X., Alsinaa, M. & Monguet,
J. (2019). Personal learning Environments based on Web 2.0 services in higher
education. Telematics and Informatics (38), pp. 194-206. Disponível
em: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0736585318306312
Para
os autores a discussão académica em torno dos Personal Learning Environments –
PLE surgiu por volta de 2005 associada a académicos e especialistas das
tecnologias da educação. Desde esse período as pesquisas e os trabalhos
associados aos PLE têm vindo a aumentar significativamente. O artigo destaca
que os alunos ao construírem e usarem os seus PLEs de modo ativo tendem a ativamente
terem o controle dos seus processos de aprendizagem. Esse controlo é alcançado
ao serem capazes de escolher e combinar várias alternativas para, entre outras
ações, capturar, armazenar, classificar, analisar, criar, compartilhar,
disseminar e processar informações, gerando assim o conhecimento. Contudo os
autores alertam que na prática a aplicação de PLEs em diversos níveis e áreas
de ensino ainda está em experimentação, não se desenvolvendo ou tendo o mesmo
sucesso em diferentes contextos e situações.
Este
estudo mostrou que os PLEs têm o potencial de contribuir para a aprendizagem em
geral. Em particular o estudo revela que existe um aumento significativo na
motivação dos alunos, já que estão ativamente envolvidos no processo de
aprendizagem. Ao contrário de serem meros recetores de informações, os alunos tornam-se
os protagonistas do processo de aprendizagem. O estudo também evidencia que a
existência de múltiplos canais de comunicação permite que os alunos iniciem e
participem de diálogos, e perguntem e respondam questões, aumentando assim a
interatividade e a participação. Outro aspeto interessante que ressalta nas
conclusões do estudo é que os PLEs fornecem acesso a um grande conjunto de
informações adicionais que podem ser usadas para apoiar e complementar os
materiais fundamentais disponibilizados pelos professores. Deste modo o estudo
realça que os alunos podem começar o processo de aprendizagem do mesmo ponto de
partida, mas durante a evolução dos processos as aprendizagens divergem, sendo
personalizadas de acordo com os interesses e estilos de aprendizagem de cada
aluno.
Embora
ancorado num estudo de caso, este estudo evidencia as potencialidades dos PLEs
numa perspetiva bastante pedagógica, contribuindo e reforçando muita da
literatura existente neste âmbito. O facto do estudo se circunscrever a um
contexto de ensino superior pode-nos sugerir, ou reforçar a ideia de alguns
autores, que o sucesso da utilização de PLEs tem mais impacto em alunos com
mais maturidade, mais independência e maior autonomia.
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